A NOSTALGIA CATIVA
“Em tempo de confinamento”
Vivo além do meu país
Numa ampla dimensão
Agrilhoado e infeliz
Com vazio no coração.
Ando exilado entre gente
Pelas pedras da calçada
Sem passado nem presente
À espera da madrugada.
Não sei se ria ou se chore,
Envolto na adversidade,
Peço ao coração qu´ implore
A causa da ambiguidade.
Cai a chuva e corre o vento
Estou cansado da aventura
Neste transe só me lamento
De uma vida de amargura.
Não sei se é barco ou canoa
Ou caravela à deriva
Dentro de mim desboroa
A nostalgia cativa.
Quando parti de viagem
Com sonhos me diverti
Guardava em minha bagagem
Uma esperança que perdi.
Estou procurando sentido
Para esta encruzilhada
Tenho o coração perdido
À borda da minha estrada.
Chamam de confinamento
A esta angústia tamanha
Lamento atrás de lamento
Numa ansiedade tão estranha.
Como em todas as esperas
Tenho fé, que passará
Esta onda de quimeras,
E um outro sol brilhará.
Ó Musa do meu espanto
Que m´ agitaste um dilema
Regressa com teu encanto
E aquece-me este poema!
Frassino Machado
In ODISSEIA DA ALMA