Do Idílio ao Exílio

Num rompante tórrido uma face desponta,
Mente cansada, tímida, remonta,
Um passado que não se fez presente,
Enamoramento trágico, torna-se ausente.
 
Um silvo que da memória emana,
Ribombar constante, torna-a insana,
Evadir consciente da fria lucidez,
Ao proditor conforto da imposta surdez.
 
O lábio calado, um nome não mais repete,
Apenas ao tempo, ao nada, ao tudo promete,
Cessar a entrega constante, circular divagação,
Aos poucos, rende-se à cadente expiação.
 
O laivo de lembrança, rebelado se inflama,
De inopino, a saudade, novamente proclama,
A entrega covarde ao exílio existencial,
Evoca aquele ilícito beijo da musa espectral.
 
Marcus Hemerly
Enviado por Marcus Hemerly em 28/12/2020
Reeditado em 14/01/2021
Código do texto: T7146398
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