Amor no deserto...

Trouxe o meu amor do teu coração,

depois de um simples olhar.

Tua face me escreveu um lindo poema de amor

e sorri te aceitando: eras minha...

Posse dolorida, amor sofrido, beijos longos.

Teu perfume era o meu perfume.

Teu beijo era o meu beijo,

mas havia dois amores díspares numa até alegre cama,

que nunca se pareceram um com o outro

dentro de nós.

Se amar também é fugir,

zíngaro querer, existiu dentro de nossas almas,

algo que não se descreve com palavras,

mas apenas com um terceiro coração,

estranho e imparcial,

vivo, para discernir o que foi nosso

ou o que ainda não nos resta.

Vejo em todos os sóis que nascem,

tuas luas apaixonadas, dizendo coisas lindas

para meu coração desapaixonado.

Gosto tanto de ti, que não te pude amar.

Não se planta no deserto esperando safras fartas.

Meu amor era menor do que tuas pernas,

meu coração queria aquele teu outro amor,

as fantasias mascaradas por teu medo.

Prendeste um lindo pássaro da vida,

quebrasse uma gaiola tão ferida,

ofertasse teu indiferente amor

que jamais, compreensivamente,

me amou de verdade!

Paulino Vergetti

Poema inédito (16/08/2020)