ABISMO
Abra a porta!
Quantas vezes terei que bater para me deixar entrar?
A garrafa de vinho barato já acabou e estou levemente alterada.
Meu vestido está manchado, meu salto quebrado,
Minha maquiagem borrada e a dignidade no chão.
Abra logo esta droga de porta!!!
Você gosta de me torturar?
Você está se divertindo com isso, não é?
Sádico!
É assim que você gosta de me ver, eu sei...
... Jogada à sarjeta, acabada,
Afogada em lágrimas e álcool, e implorando.
Ama me ver à beira do abismo suplicando por você,
Por uma chance.
Seu fetiche doentio é me ver humilhada a seus pé, cega,
No fundo fundo do poço mais escuro.
Mas quer saber? O show acabou!
A dona do circo não será mais feita de palhaça.
Dane-se esse maldito amor.
Estou embriagada de dor e retornarei sozinha para casa,
Engolindo a seco o meu fracasso.
Estou pegando minha dignidade e você que limpe a sujeira que ficou.
Não precisa mais abrir a porta.
Engasgue-se com o seu orgulho.
Estou andando descalça pela rua
E na minha caminhada de volta, para celebrar minha derrota,
Que venha mais uma barata garrafa de vinho.