Modernidade




Pelas mãos, pelos dedos,
os eflúvios emanam, mancham o papel
pelo dom da poesia escrita,
na palavra suprema
que enlaça os vocábulos
buscando na noite a luz,
a graça Divina,
a inspiração
caída pelo chão,
molhada pelo orvalho,
suor do Criador pelo seu trabalho
quase em vão pela humanidade,
nas buscas pelo desafeto,
feito cobertura de bolo
festejando o desamor
nas primaveras que o tempo apagou.
E pelas mãos a pena desliza,
também sem pena,
macula o papel jamais lido
pelos olhos azuis da paz;
pura ingenuidade
falar de amor, abraçar saudade
enquanto o mundo se devasta,
pelo pó se arrasta
em descobertas sutilmente
chamadas de progresso.
Ah, eu me recolho,
fecho-me como se fosse um repolho;
sou da terra, morro pela terra
calando meu lirismo
a este mundo vadio e ingrato,
dominado pelo ser chamado... Homem.