Volúpia e amargura
A boca que me adoça deixou sabor de amargura;
a pele que me aquece marcou com cheiro da ternura;
te amar foi como o refém que ama àquele que o tortura
Tua voz, hoje, já não produz mais o mesmo efeito,
antes era dominante o calafrio que escalava meu peito,
hoje é simples arrepio da vergonha por tudo aquilo que foi feito
Como diria o poeta, ninguém ama sem provar do sabor do sofrimento;
aquele gosto amargo que se prova sem qualquer consentimento;
e o que resta, senão, é a repulsa pelo feitiço lançado na volúpia do juramento.