MARCAS DA VIDA
Trago no rosto as marcas da vida.
Esculpidas pelas agruras vividas,
Dos anos que passei com sonhos
Que se desfizeram, tão tristonhos.
Tento esboçar um sorriso forçado,
Para disfarçar o traço carregado
Que sulca meu rosto de pele ácida,
Semblante grave tal uma couraça.
Cada ruga deste meu rosto reflete
O percurso que sigo inconsciente,
Sem me aperceber da gravidade
Duma vida cheia de tanta verdade.
Não há com que disfarçar as rugas,
Elas passam esta vida em disputas,
Para impressionar por persuasão,
O que jamais terá alguma solução.
As rugas são sinais da vida nobre,
Que segui durante esta existência,
Singrando com minha experiência,
Até atingir o cume da minha torre.
Torre onde eu estou encarcerado,
Por ter sido injustamente julgado
Num tribunal popular sem juizes,
Apenas com propósitos infelizes.
Ruy Serrano - 20.04.2020