Arqueiro
O amor é um sentimento que, no mínimo, é controverso:
Anda de mãos entrelaçadas com o ódio.
Arde feito chama em erupção
Mas também é frio e sem pulsação.
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Eu a amo por ser incrivelmente doce
Por sorrir ao me ver
E sempre me acolher.
Eu a amo por ter o olhar mais sincero
Por sentir que estamos no mesmo hemisfério.
Eu a amo simplesmente por amar
E nunca deixar passar esse tal de "te desejar".
Em compasso:
Eu a odeio pela gritaria
Por viver uma eterna baixaria
Eu a odeio por todas as festas
Pela falta de pudor ao me abandonar naquela floresta.
Eu a odeio simplesmente por odiar
E nunca deixar passar esse tal de "te amar".
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Mesmo assim, não basta a controvérsia: o amor também não é rua de apenas uma pista.
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Eu o amo por ser tão marcante
O formoso amante
E ser o meu melhor acalmante.
Eu o amo por sempre subir em mim
Por me fazer delirar assim
E conceber o meu corpo como seu jardim.
Eu o amo simplesmente por amar
E nunca deixar passar esse tal de "te desejar".
Em compasso:
Eu o odeio por me deixar insegura
Por jogar a verdade nua e crua
E sempre vestir uma armadura.
Eu o odeio por ser assim tão perfeito
E por elas ser aceito
Parecendo nunca satisfeito.
Eu o odeio simplesmente por odiar
E nunca deixar passar esse tal de "te amar".
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Diante desse caos, sigo me amando
Por querer tanto
Sabendo ter encanto.
Porém, no final dessa peça, sou eu que me odeio
Por neles lançar flechas
Feito um bom arqueiro.