Desencanto
Eis a douda destruidora de sonhos
Pisando seus passos medonhos.
Vem perturbar tuas visões encantadas,
Armadoras de teus contos de fadas.
Pisa o chão e ali a terra adoece,
Enquanto maligno sorrir nela cresce.
Senta a sua bunda macia e inebriante
Sobre as nuvens oníricas do instante
E faz cair chuva ácida em teus gozos.
Num átimo, vão-se suspiros amorosos.
Escoam pelo ralo do desgosto.
Logo tu te tornas um deserto
Sob penumbra cega coberto.
Teu ser fica tão medroso e exposto.
Desaprende o êxtase, fica duro, frio,
Como um cadáver a boiar no rio.