Vocês nunca existiram

Em minha cama, fiquei me lembrando…

Quantos copos d` água deixei derramar

E quantas mensagem eu mandei?

Entre os papéis brancos e pretos

Eu era a que sempre era rasgada

Ou na noite, eu era a esquecida das histórias

Meus dedos coçavam no celular por algo novo

Mas todas às vezes ele ficavam machucados

Contudo, um dia olhei para o espelho rachado

Eu percebi que vocês nunca existiram

Quebrei muitos vidros achando que jamais passaria

Mas assim como as tempestades passam

Vocês também passaram, mas nunca existiram

E com meu olhar baixo, vejo de longe e digo:

Que bom que nunca fui eu que habitei por mais tempo

Aquelas casas velhas e feias

Lembrei quando disse que meus lábios eu daria

Mas também lembrei quantas vezes fiquei no deserto

E derrubei mais uma vez um copo d`água na cama

E o chão só sabia ficar molhado

Um dia eu prometi todos os meus dedos

Para vários dias mágicos e de muito carinho

Eu estaria ali de alguma forma que fosse

Mesmo que ninguém quisesse você

Contudo, um dia passei dias deitado pensando…

E eu percebi que vocês nunca existiram

Fui atrás dos papéis para ver se tinham alguma verdade

Mas não tinham nenhum escrito vivo

Quer saber? Peguei todos eles e joguei no lixo

Pois eu sei que vocês nunca existiram

Que bom que um dia eu fui embora cinco da manhã

Daquela praia fria e solitária

Eu bloqueei os meus contatos e meus números

Não me preocupo mais em dar nada em troca

Apenas não tenho mais nada para dizer

Pois não posso falar do que nunca existiu

Rouxinol de Julho
Enviado por Rouxinol de Julho em 02/03/2020
Código do texto: T6878792
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