RASTEJANTES SERPENTES NO CIO
Quando ouço a previsão do tempo
anunciando movimentos dos ventos
marés e mudança de luas
abandono o escuro casulo
Escancaro portas e janelas
Abro o peito maior que a casa
Tudo se prepara à festa de tua vinda
Abro pulmões olhos braços
Subo no telhado de casa
Espero que o vento favorável
te traga feito nuvem ou anjo ou perfume
Mulher
Marés renovadas entrarão sem bater
ou desmanchar as cobertas de algodão egípcio
(Reclamavas que os movimentos dos corpos
punham abaixo os lençóis de seda)
Se não farejo na brisa teu íntimo cheiro
intimo ventos maiores a te buscarem
Qualquer retardo de tua boca salivando-me
intimo tornados a que te tornem
Se for pouca a visibilidade
subo no prédio mais alto da cidade
ou Himalaia
Se ainda assim não me vês e não me vens
subo a escada de luz aos céus
por onde Jesus desce à Terra
Só não me faço Deus para que me ame
não me faço apóstolo para que me siga
não me faço lavoura para que te alimente
porque foste tu a desamar o amor
Desarmou-me da última lucidez
Rastejante serpente no cio
movimento a língua bifurcada
Busco tua presença no planeta
Não me envergonho do pranto congelado
que desce do rosto de minha América
em forma de Cordilheira dos Andes
Envergonha-me é cruzar com um homem
que puxa a carroça de sua sobrevivência
Não lamenta
sequer
sua ferida maior que a rua
Quando ouço a previsão do tempo
anunciando movimentos dos ventos
marés e mudança de luas
abandono o escuro casulo
Escancaro portas e janelas
Abro o peito maior que a casa
Tudo se prepara à festa de tua vinda
Abro pulmões olhos braços
Subo no telhado de casa
Espero que o vento favorável
te traga feito nuvem ou anjo ou perfume
Mulher
Marés renovadas entrarão sem bater
ou desmanchar as cobertas de algodão egípcio
(Reclamavas que os movimentos dos corpos
punham abaixo os lençóis de seda)
Se não farejo na brisa teu íntimo cheiro
intimo ventos maiores a te buscarem
Qualquer retardo de tua boca salivando-me
intimo tornados a que te tornem
Se for pouca a visibilidade
subo no prédio mais alto da cidade
ou Himalaia
Se ainda assim não me vês e não me vens
subo a escada de luz aos céus
por onde Jesus desce à Terra
Só não me faço Deus para que me ame
não me faço apóstolo para que me siga
não me faço lavoura para que te alimente
porque foste tu a desamar o amor
Desarmou-me da última lucidez
Rastejante serpente no cio
movimento a língua bifurcada
Busco tua presença no planeta
Não me envergonho do pranto congelado
que desce do rosto de minha América
em forma de Cordilheira dos Andes
Envergonha-me é cruzar com um homem
que puxa a carroça de sua sobrevivência
Não lamenta
sequer
sua ferida maior que a rua