Barco no Iodo
 
O suave navegar que me alimenta,
Assemelha-se a uma caravela alquebrada,
Singra a água açoitada pela tormenta,
Artificial, pelo vento lestamente instigada.
 
Não há personagens à costa aguardando,
Tampouco lenços à brisa em saudação balouçando,
Amargo fel já conhecido que irrompe à garganta,
Na segurança da dor, aos poucos, embala e encanta.
 
Somente nas memórias se espalha a imagem,
Irrompe serena, mas traiçoeira, incontida,
Mascara a dor qual mal curada ferida.
 
Deixei no porto um amor e uma face,
Face que beijei, amor sem desenlace,
Marujo amador, cujas lágrimas refogem.

 
Marcus Hemerly
Enviado por Marcus Hemerly em 14/02/2020
Reeditado em 13/04/2020
Código do texto: T6866279
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