AMOR E SANGUE

AMOR E SANGUE

Ai! Amo quem me mata; me maltrata,

Quem ri de meu amor tão desarmado.

Não me respeita o peito maltratado

E tem por meus carinhos mofa ingrata:

-- Afinal, me ama tanto que me mata...

Que o amor é para si uma bravata

Onde o outro é um espólio conquistado.

Que, depois que usa e abusa, põe de lado

Como fosse uma puta bem barata.

-- Afinal, me ama tanto que me mata...

Comigo, diz que a vida é muito chata;

Sem mim, diz que tudo é muito errado.

Vai-volta indiferente do passado

E perdoa com ares de autocrata!...

-- Afinal, me ama tanto que me mata!

Nem sei mais se é amor o que nos ata

Ou se outro fio trágico do Fado.

O que sei é que morro sem cuidado

N'um caso passional de longa data...

-- E ao final, me ama tanto que me mata...

Betim - 01 02 2020