LIVRE, MAS NÃO TANTO
“Ode sobre Joacine”
Como é possível afirmar de ânimo-leve
Que eu não ouvi pessoas que tinha que ouvir;
Pois eu lhes digo que quem não deve não teme
E o tempo, podem crer, é que o há-de conferir…
Como é possível afirmar (e que coragem teve?),
Que ao partido não fui leal, o que dá pra rir;
Pois eu direi que este Livre de mim se serve
Prás subvenções… porém, dele, não tenciono sair!
Como é possível afirmar, que eu não respeito
Tudo o que se decide dentro do Partido
Se é por ele que eu dou às balas o meu peito?
Pois, é com toda a força, que digo o que digo:
Não! Não e não! É mentira, é mentira, é mentira!
É inadmissível! É mentira! Tenham vergonha!
Mas, oiçam bem: cá deste cargo ninguém me tira.
Afastem-se de vez… co´ a vossa vil peçonha!
Eu não sei se este Livre é um ninho de víboras
Ou se estarei, como Daniel, na cova dos leões
E de corda ao pescoço (no ponto dos antípodas)
Esperarei, qual Dalila, as nefastas vibrações…
Se eu tiver de cair, hei-de cair de pé! Oiçam bem,
No quadro eleitoral, combati sempre pelo Livre:
Cinquenta mil votaram em mim, e não no Livre,
A esses nunca os vou defraudar, não! Deus me livre!
Assim falaram Moisés, Zaratustra e Catilina
Assim falaram Robespierre, e o herói Marat …
E assim falarão sempre os d´ alma cristalina
Mas… só um «grito do Ipiranga» os salvará!
E se assim vai a Farsa neste Reino de espanto
Num labirinto de inverdades, Livre (mas não tanto!),
Rogarei ao bom Deus que a todos vos ilumine
Ou então… não me chamarei de Joacine!?
Frassino Machado
In RODA-VIVA POESIA