A TERCEIRA PESSOA
Era a fuligem, o carbono, o anil
De um arco-íris que paquera o mar.
Brasa incendiando e resistindo ao frio,
Serena, rósea, aromando o ar.
Era um mormaço típico do estio,
Depois das flechas da chuva de açoite;
Duro lajedo empoçado e sombrio
À lua cheia, e ao ermo da noite.
Era da mediocridade o perfil:
Leviana exibição de poder;
Os elementos e o espaço vazio
Determinados a me convencer.
Era a ternura escapando de mim;
Mancha cinzenta num triste arrebol;
Era um fatídico anúncio do fim;
Pedra de gelo sucumbindo ao sol.