De repente nada
Está tudo tão escuro agora
que já ouço aceleradas
as batidas descompassadas
deste meu coração sofredor,
que de tanta pancada na vida,
já não bate nem apanha
nem chora ou se ressente.
O silêncio ensurdecedor da tua ausência
me devora dia e noite.
E se olho ao redor já não te vejo.
Já quase posso tocar a solidão de tão redundante.
A dor latente que me ofusca a visão cega-me, e cego,
já não posso enxergar-me em tamanho sofrimento.
Mesmo que olhe para dentro, só você está lá,
e quase sempre irritantemente mudo(a).
Meu olhar afoito procura-te em todas as direções,
e procurando por você em um instante de ternura qualquer,
busco na mente o ponto de cisão que nos eterniza
e que também me causa tamanha dor agora.
Enquanto sofro a vida
lembrando de como éramos felizes juntos,
morro um pouco mais a cada instante,
a cada segundo o seu desamor latente é tudo o que tenho.