Baralho Marcado ou Mais um Poema Maldito
É a certeza da incerteza como as cartas na mesa
E eu não me sinto mais o mesmo
Eu me sinto uma estátua
Parado...bruto...e sem um pingo de alma
Agora eu volto pra casa, delirante, num suspiro
Dormi pelo caminho e acordei de sobressalto
Assustado e ainda delirante
O caminho até você é o horizonte, é tão distante
É quase utópico, num tópico
Elenquei a minha vida
E as prioridades novas, desde a tua partida
Que porra isso feriu, me partiu
Me quebrei, foram tantos os pedaços que até hoje
Não juntei
Então sigo assim dismórfico, em tantos lugares
Que as vezes acordo e respiro outros ares
Outras minas, outros cheiros
Mas é você que sempre vem, meu bem
Me trata com tanto desdém
Até nos sonhos que eu tenho
Quando vem é pesadelo
E eu, tão machucado
Penso em ti, dá desespero
Desculpa pela métrica errada
Já fazem tantos anos que esqueci até teu rosto
Só me lembro do semblante, dessa forma que me vem
Me fazendo tão mal, me fazendo tão bem
E o "que que tem?", eu penso comigo mesmo num apelo esquizofrênico
E passa ano atrás de ano e eu não amo ninguém
Nem a mim, mas o que eu fiz contigo
Cê fez comigo
Também
Tá tranquilo, leva tempo
Geral diz isso pra mim, que se não deu bom
É que ainda não chegou no fim
Mas coitado do meu rim, coitado do meu sorriso
Que enverga tanto
Nos gargalos que eu viro
Mas né
Tanta coisa errada deve ter um sentido
Qual o sentido eu não sei, talvez seja eu me sentir vivo
Que comédia, engraçado, fato consumado, enfim
Não me sinto vivo e ninguém vive por mim
Então, o que fazer, quando a dor chegar
E bater
Escorrer
Toda a água que me faz viver
bem diante dos meus olhos tanto que a boca seca
Mas não adianta, minha linda
Essa sede só sua boca cessa
Dedicado à você
Grandessíssima Filha da Puta
Que até hoje tira meu sono, incha os nódulos da mão
Que faz questão
De fingir que nunca houve o que houve
Pra você, mais um poema maldito.