Vingada

Vingada!

Fato consumado.

Nada de mão acenando na estação

ou um assovio no final do túnel,

tampouco Horizonte na próxima parada.

Acaso se quiserem tentar me reanimar,

enviem o socorro bem rápido,

porque estou com *Anna Karenina,

e almejo com Tolstói me encontrar.

Mas se porventura eu já estiver

em sono eterno na ferrovia

e queiram reconhecer os traços,

daquele que me roubou o júbilo;

busquem-no naquele pensamento

que deixei no bolso,

feito com nó de papel de bala.

Porém sejam meus cúmplices!

Não façam alarde de seu nome,

acaso o encontrem nas entrelinhas.

Afinal, ele escolheu e estava sóbrio,

quando deu a outra o sobrenome.

Aceitem o fato consumado:

Ele não amou aprendiz de poetinha,

só aprendeu a brincar com as palavras.

Por outro lado, no acerte,

eles viverão à margem do anonimato,

e eu em represália, uma literata.

Vingada!

Railda
Enviado por Railda em 25/07/2019
Código do texto: T6704541
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.