Vingada
Vingada!
Fato consumado.
Nada de mão acenando na estação
ou um assovio no final do túnel,
tampouco Horizonte na próxima parada.
Acaso se quiserem tentar me reanimar,
enviem o socorro bem rápido,
porque estou com *Anna Karenina,
e almejo com Tolstói me encontrar.
Mas se porventura eu já estiver
em sono eterno na ferrovia
e queiram reconhecer os traços,
daquele que me roubou o júbilo;
busquem-no naquele pensamento
que deixei no bolso,
feito com nó de papel de bala.
Porém sejam meus cúmplices!
Não façam alarde de seu nome,
acaso o encontrem nas entrelinhas.
Afinal, ele escolheu e estava sóbrio,
quando deu a outra o sobrenome.
Aceitem o fato consumado:
Ele não amou aprendiz de poetinha,
só aprendeu a brincar com as palavras.
Por outro lado, no acerte,
eles viverão à margem do anonimato,
e eu em represália, uma literata.
Vingada!