A Porca e a Saudade

A saudade é como a porca

Que passo a passo se firma.

Mas quando a rosca entorta

Ou quando a ferrugem mina,

Nem que se bata com força,

Saudade ou porca declina.

A saudade lhe apert'o peito,

Como a porca aperta o fuso.

Mas, nenhuma saída eu vejo,

Nem há solução que dê jeito.

Uma quer só o seu parafuso,

A outra só quer o seu beijo.

Oh, Porca! Quanta saudade!

De um parafuso espanado

E quanto desassossego...

Quando podias, na verdade,

Não o quiseste ao seu lado

Agora qué-lo tu atarraxado?

Sucata, virou o parafuso

e nos tornamos passado.

A saudade é quem maltrata,

a ferrugem é o resultado,

E a porca ficou sem uso...

Eis o que o poema retrata.

Kleber Versares
Enviado por Kleber Versares em 19/07/2019
Reeditado em 02/02/2022
Código do texto: T6699964
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