TODOS SOMOS PROFESSORES

“Na lei do silêncio”

Todos nós somos professores

No seio dum povo de má sorte,

Qu´ o ensinar não dá louvores

Pois habita nas ruas da morte!

Até parece ser um destino

Quase esvaziado de favores,

Aqui, neste país ao desatino,

Todos nós somos professores.

Vivemos tempos d´amargura,

Não há ninguém que tenha porte,

E há cavaleiros de triste figura

No seio dum povo de má sorte.

Na bandeira das cinco quinas,

Quatro delas pariram dores,

Sabe o bom povo, p´ las esquinas,

Qu´ o ensinar não dá louvores.

Num torrão pátrio de Maiorais

Faltam os professores de recorte,

Seu carisma não dá sinais

Pois habita nas ruas da morte.

Ruas da morte e da ansiedade

Sempre à volta dum cruel dilema:

Ou é a educação uma Verdade,

Ou é mentira o nacional Sistema.

Passou o tempo dos pedagogos

Que transpiravam de cultura,

Ensinavam para serem bobos

Livrando-se da escravatura.

Hoje, com o nome de “sutores”

São pau para toda a colher:

Caladinhos são uns amores

Se reivindicam levam a valer…

Arte d´ ensinar parte de casa,

É paradigma insofismável,

A Escola do país perdeu a asa

E esta Nação está lastimável.

Anda perdida a alma da história

A cidadania não tem valores

Mas, para futura memória,

Todos nós somos professores.

Não se trata do deve e haver

Mas de uma moral de direito

Esta profissão terá que ter

Uma linhagem de respeito.

Diz-me lá, que Estatuto tens,

Ó professor de chatas marés:

Já te esqueceste donde vens

Mas ninguém sabe quem tu és.

Tu és um fantasma que passa

Vestido pela lei do silêncio,

Sabes umas "coisas" com graça

Mas penas, um rosário imenso!

Frassino Machado

In RODA-VIVA POESIA

FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 18/07/2019
Reeditado em 19/07/2019
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