TODOS SOMOS PROFESSORES
“Na lei do silêncio”
Todos nós somos professores
No seio dum povo de má sorte,
Qu´ o ensinar não dá louvores
Pois habita nas ruas da morte!
Até parece ser um destino
Quase esvaziado de favores,
Aqui, neste país ao desatino,
Todos nós somos professores.
Vivemos tempos d´amargura,
Não há ninguém que tenha porte,
E há cavaleiros de triste figura
No seio dum povo de má sorte.
Na bandeira das cinco quinas,
Quatro delas pariram dores,
Sabe o bom povo, p´ las esquinas,
Qu´ o ensinar não dá louvores.
Num torrão pátrio de Maiorais
Faltam os professores de recorte,
Seu carisma não dá sinais
Pois habita nas ruas da morte.
Ruas da morte e da ansiedade
Sempre à volta dum cruel dilema:
Ou é a educação uma Verdade,
Ou é mentira o nacional Sistema.
Passou o tempo dos pedagogos
Que transpiravam de cultura,
Ensinavam para serem bobos
Livrando-se da escravatura.
Hoje, com o nome de “sutores”
São pau para toda a colher:
Caladinhos são uns amores
Se reivindicam levam a valer…
Arte d´ ensinar parte de casa,
É paradigma insofismável,
A Escola do país perdeu a asa
E esta Nação está lastimável.
Anda perdida a alma da história
A cidadania não tem valores
Mas, para futura memória,
Todos nós somos professores.
Não se trata do deve e haver
Mas de uma moral de direito
Esta profissão terá que ter
Uma linhagem de respeito.
Diz-me lá, que Estatuto tens,
Ó professor de chatas marés:
Já te esqueceste donde vens
Mas ninguém sabe quem tu és.
Tu és um fantasma que passa
Vestido pela lei do silêncio,
Sabes umas "coisas" com graça
Mas penas, um rosário imenso!
Frassino Machado
In RODA-VIVA POESIA