DE QUANDO QUEBREI MEU CORAÇÃO

Hoje, você é relâmpago

Que ilumina e atormenta meus medos infantis

Hoje, você é criança

Que pega em minha mão e brinca que sou nulo

A existência apagada em um pedaço de papel

Por cruel borracha me transformou em borrões

Virei marca no papel do tempo e o tempo hoje em dia não me toca

E se toca não percebo

E se percebo estou sonhando, outra vez, com sua vida

Expectador, quero ser expectorante

Retirar de meus pulmões o seu ar

O sulco embriagado que deixaste apodrecer dentro do meu peito

E você se retira como quem busca vida

E eu permaneço como quem busca chão

Meus pés andavam em nuvens e não me espanto em pisar em raios

Meus pés andam no chão e não me assusto ao pisar em calos

Meu corpo responde melhor

Meu coração é músculo duro, de aço

Você é sulfúrica e potente corrosiva

Eu sou ferrugem e alguém que se lastima

Essa dor, cresceu do que éramos e esqueceu de mudar

Ela vai e vem, como um boxeador que espanca

Eu sou saco de pancada e me deformo com seus socos que não vem

Como dói a dor da ausência

Escrevo como quem come sem fome

Escrevo como quem lê sem querer

Como quem anda pela primeira vez

Uma letra após a outra e assim a gente chega longe

E assim eu te penso de longe

Te faço de longe

E renasço novamente

Em poesia

MIHELL
Enviado por MIHELL em 12/06/2019
Reeditado em 03/07/2019
Código do texto: T6671180
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