DE QUANDO QUEBREI MEU CORAÇÃO
Hoje, você é relâmpago
Que ilumina e atormenta meus medos infantis
Hoje, você é criança
Que pega em minha mão e brinca que sou nulo
A existência apagada em um pedaço de papel
Por cruel borracha me transformou em borrões
Virei marca no papel do tempo e o tempo hoje em dia não me toca
E se toca não percebo
E se percebo estou sonhando, outra vez, com sua vida
Expectador, quero ser expectorante
Retirar de meus pulmões o seu ar
O sulco embriagado que deixaste apodrecer dentro do meu peito
E você se retira como quem busca vida
E eu permaneço como quem busca chão
Meus pés andavam em nuvens e não me espanto em pisar em raios
Meus pés andam no chão e não me assusto ao pisar em calos
Meu corpo responde melhor
Meu coração é músculo duro, de aço
Você é sulfúrica e potente corrosiva
Eu sou ferrugem e alguém que se lastima
Essa dor, cresceu do que éramos e esqueceu de mudar
Ela vai e vem, como um boxeador que espanca
Eu sou saco de pancada e me deformo com seus socos que não vem
Como dói a dor da ausência
Escrevo como quem come sem fome
Escrevo como quem lê sem querer
Como quem anda pela primeira vez
Uma letra após a outra e assim a gente chega longe
E assim eu te penso de longe
Te faço de longe
E renasço novamente
Em poesia