ACERTO DE CONTAS
Um dia disseste sobre meu destino,
Julgaste-me conforme teus princípios,
E, claro, deste-me danoso veredito ...
Tu te vias grande homem e a mim, menino.
Em mim, nenhuma virtude, somente vícios :
Tu, o Bem Aventurado; eu, o maldito !
É chegada a hora do acerto de contas :
Fiz de meus dias melhor possível no Belo,
Nunca achei na vida soluções prontas,
E, assim, ergui-me carvalho e tu, cogumelo.
O tempo pôs no eixo, enquanto não me queixo,
Tu viveras sombras e agora amaldiçoas, xingas -
Contemplo-me em licores, tu caíste em pingas ...
Mas agora, quando a vida aos poucos nos deixa,
Sou o sabiá-laranjeira que saúda os dias,
Ao passo que fizeste de ti crocodilo e expias ...