Hipócrita Divino IX: Contenção angustiante

Carreguem a quem plumagem causa desgosto,

Que de comida não há gosto,

Gosto de desprezo,

É o fim do desmereço,

Tanto apreço,

Por aquilo que se tem preço,

O que está dentro de vós,

Não alcançará nenhuma voz,

O que não tem preço está dentro de você,

De mais precioso em ti que ninguém vê.

Eu sou meu próprio refém,

Aqui ou no além,

E vem,

Não acaba com amém.

Fecha o olho e o que verá?

Confia em ti e o que será?

De tuas mãos agora o que terá?

Mas quanto de você restará?

Carne doce,

Mais uma doce,

Custa o amanhã,

Que é póstero,

Levado a sério?

O coração amante guarda o maior mistério.

Por ensejar o futuro incontrolável,

Impossível segurar em mãos,

Inviável,

Seus preciosos acórdãos,

Imutável,

Um risco para cada não,

Detestável,

Quão nega a quem te quer.

Barulho em ouvidos,

Está vendo seus tempos vividos?

Compadre de desleal,

Pergunta-me o preço de ser real,

Concretiza quem quer,

Não é só tomar café,

Cá fé,

É.

O probo do roubo,

Por que da mentira é o bolo?

Doce e de camadas,

Escondido em ouros e pratas.

Pie o quanto tem cordas vocais,

São teus pesadelos abissais,

Pois teu castigo em atitude,

É um cárcere em solitude,

Sólido.

O barulho do teu peito me irrita,

Me faz querer dor pífia,

Epifania duradoura,

De noite porvindoura,

Só começa e olha o tintilar,

A lua a cintilar,

Ninguém virá para te salvar.

Ápice dessa noite é uma nova salvação,

Salva-te tua própria nação,

Concepção de ser,

O que vais fazer?

Se debata, venha a perecer,

Mas não faça parecer,

Que essa crucificação é sabotagem,

Muito menos miragem,

De vazio de palavra fora deixado,

Então é mais que concretizado,

Nada de sair de tuas amarras,

Já foram estipuladas as arras,

Da incerteza é cobrado preço tenebroso,

O preço da culpa é oneroso.

O cobertor,

Tem cor vinho tentador,

Pois é onde deitaste seu amor,

Quando começou a escrever esse louvor,

Foi onde ficou o seu amor,

Que dorme em pavor,

Pois tem pingo de incerteza do palpável,

Sentimento esse maleável,

Toma forma de momento,

Agora é faça de instrumento,

Sem punhadeira,

Sem talho de madeira,

Apenas outra ponta em pederneira,

Acende esse fogo que fica em cristalino.

No dia da crucificação houve choro,

Lança que rasga o couro,

Preço pago maior que ouro,

De feito duradouro,

Água que disfarça vagido,

Se não massacre haveria surgido.

Nem tudo que você diz,

Foi você que quis falar,

Mas a quem você contradiz,

Quando poderia amar,

Vê,

Crê,

Ei de ser.

Preguem o corvo,

Antes, durante ou depois do ovo,

Preguem o corvo,

Antes que queimem o corpo,

Preguem o corvo,

Antes que pequemos de novo.

Nesse ato de amor,

Mato-me,

Enxoto-me a melhora,

Me implora,

E volta.

Cheguei a um ponto que não posso recuar,

Pois significaria deixar de amar,

Mesmo que pule de um precipício,

Amar não é sacrifício,

É ato de ofício,

Que se tem dês do início.

Madrugada,

Doce madrugada,

Não me deixa sem nada,

Deixa dormir,

Que assim o tempo continua,

E de alma nua,

Me sinto só.

Tenho tantas palavras que construiria meu castro,

Teria meu sangue em mastro,

Mas me castro,

Porque minha vitória é do mundo,

Onde meu coração não se encontra.

Todo dia,

Que permanece aperta a corda,

Invés de liberta lhe enfia,

Peço que acorda,

Toque a mim filho ingrato,

De novamente ter dado chance ao ódio,

Quando deveria ter amado.

Pois a tive,

Mas não estava ali,

Não me olhava,

Eu me vi,

Não quero errar comigo mesmo,

Não mesmo.

Não ter palavras de alma tão falante,

Estás relutante,

Por um instante,

Não te tive,

E me doeu mais que tudo.