A BELEZA INVISÍVEL

As chaminés das casas cospem fumaça

As aves em bando migram para o sul

O crepúsculo pincela nuvens de laranja

Pois o sol agonizante se despede triste;

Que beleza autêntica essa que se esconde

Em sombras e cantos, em olhos molhados

Nos segredos de donzelas em diários

Que suspiram de desejos controlados

Lamentando-se de guardar e não ter dado

Um beijo doce em seu mais belo amado;

Quanto vazio se esconde onde está cheio

Quantos loucos são lúcidos nos devaneios

E a sabedoria que se ri na inocência pura

De uma criança, por saber que não a notam;

Um amante inconsolável se lamenta

E da praia encara o mar tão pensativo

O salgando inda mais com suas lágrimas

Relembrando aquele amor ora perdido;

Em tudo isso tal beleza é invisível

Aos olhos dos tolos que se apressam

E querem se entregar sem pertencerem

Ainda nem a si mesmos por completo;

Foge sombra, dor, tristeza parta

Deixem para mim o amor primeiro

Sem divisão, nem nada que reparta

De mim o que sem ela não é inteiro