MEDO

MEDO

Um sentimento que nos aterra.

Ouve uma vez que o senti em oitava grandeza.

Estava dormindo, quando ouvi um breve gemido.

Acordei, pés no chão, pijama puído de flanela.

Andei de passos lentos a mais avançados, até que da porta da antiga copinha.

Via a cena mais enigmática a mim na época.

O homem, meu progenitor, líder daquele local, daquela casa, tentando dar findo a vida de uma mulher, minha mãe.

Ela ali de pés alto do chão, suspensa pelo pescoço que ele segurava sem dó.

Só me lembro de ter dito, " solta ela ", num breve gesto ela jogou a panela de arroz que estava por término de cozimento.

Ele me gritou que fosse dormir, eu lhe encarei e falei que chamaria a policia.

Vi ele sair dali dando várias desculpas e proferindo diversos palavrões.

Deste dia em diante, ele ficou a dormir em meu quarto.

De minha cama eu o observava.

O algoz, que poderia ter tirado a vida de minha pobre mãezinha.

Hoje ela com seus 70 e poucos, eu seguindo com meus 40 e tantos, rimos, choramos.

O senhor que antes nos tirava a paz, hoje tem uma outra família.

Deve viver sua vida feliz e merece, pois apesar de tudo sempre fora dotado de grandes valores éticos.

Não no que diz em tratar de minha mãe.

A vida é assim, não temos o direito de exigir e nos colocar como soberanos na vida de ninguém.

A posse só traz complicações, lágrimas, discórdias.

Tentar conversar e dialogar com clareza é sempre o melhor.

Aceitar que nenhuma relação é eterna.

Somos falhos e sempre seremos até chegarmos a um altissimo grau de entendimento e perdão.

Eu perdoo, sempre, pois a vida seguiu, com falhas, erros, tristezas mais repletas de suaves alegrias.

Falar de que fomos ou somos felizes, ai é outra estória.

Melhor focarmos a lustrar as lembranças e tecer um presente limpo para um futuro esmeiro.

13032019.............................

paulo fogaça
Enviado por paulo fogaça em 17/03/2019
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