Ausência

Se me chamas, tu, pelo ar,

Vou planando, eu, respiração...

Desafio estar aqui e lá,

Mas voar, então, é decisão

Sempre que me lembro sua ausência,

Dá-me um modo novo de desprezo...

É, portanto, bem mais perto a Lua,

Sedutora e dona de desejos.

Ilumina quem ouse à noite

transportar-se pela imensidão.

Guia-se por onde se imagina.

Para o nada traz compreensão.

Vou tentar a forma do silêncio.

Vou dizer sem voz o que quiser.

Vou voando lento enquanto penso.

Quando quase nada me disser.

Esse assunto seu não me importa.

Faço ouvidos surdos, sem olhar.

Há nessa conversa, vida morta.

Não me vale a pena lhe sonhar.

Desse modo, volto eu pra cama.

Minha gripe segue a incomodar.

Mas para esquecer que não me ama,

Basta de um dos lados me deitar.