Fim de caso
E nas plúmbeas sombras de certo desalento,
e em tuas loucas despedidas,
com a alma desigual a tantas outras
e mesmo tendo eu beijado muito tua boca,
permaneço réu de boca seca,
filho de raro amor que assombra.
Amar é diferente disso,
é compor-se nos doces instantes,
Infinitamente pequenos
como os orgasmos dos colibris
ou o primeiro passo dado por um zíngaro.
Te amei, soube ter te amado, despedi-me tonto
e a morte me transformou em nada amável,
talvez como castigo reprovável,
ação injustificável para um coração teimoso.
O espírito do desejo é atemporal
como o gozo do prazer desfeito em nada mais.
Perdoe-me se te amei:
era para ter apenas te abraçado...
Poema inédito (23/02/2019)
Paulino Vergetti