AMORES DE OUTRORA
“AMORES DE OUTRORA”
Depois que o amor perde a ternura,
Não conseguimos encontrar um novo amor;
E a juventude ao partir perde a candura,
Deixando em seu lugar um rio de dor.
O passado continua a nosso lado,
Teimosamente, sem pressa de acordar;
Pra encontrar o presente tão sonhado,
Antes dele partir sem avisar.
Depois que o amor perde a ternura,
A vida morre aos poucos a nossa volta;
E o passado teima em lembrar nossas loucuras,
Nos mostrando que o presente é uma porta.
Uma porta entreaberta ao obscuro,
Onde o amor perdeu sua ventura;
E deixou em seu lugar este futuro,
Absurdo de morrer sem a brandura.
O presente chegou rápido e vai embora,
Nos dizendo quão incerto é o futuro;
Ilusório igual amores de outrora,
Meus amores que perderam a ternura.
*J.L.BORGES
Julho 2016