Tutela

Seu solfejo desfaz minha sina,

Ao inundar de dócil encanto,

O negro selo, com breve pranto,

Que o afago dos lábios ensina.

Sua volúpia me põe enlevo,

Pois, de soslaio, seu olhar em zelo,

Cedeu-me atalho para o receio,

De repousar minh’alma ao seu seio.

Mas, o que disso se pode atinar?

Um belo trevo de sorte a lembrar?

Ou, um empório em que se anela?

De certo, razão, aqui, não se revela,

Porém, o que não se pode mascarar,

É o meu anseio por sua tutela.

Rodrigo Leme de Oliveira
Enviado por Rodrigo Leme de Oliveira em 06/02/2019
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