Sérvia

Sérvia

Acompanha-me um sérvio, esquisito, modesto e sábio

Que nem sérvio o é de fato, só em esquisitice de lábio

Lábio meu que na esquisitice do sérvio encontra par

Agradável plural pra matar a tristeza de ser esquisito singular.

Ao sérvio agrada o podre, tanto quanto agrada a mim

Ontem falávamos de atrizes pornôs que à vida deram fim

E falávamos de Camus, e falávamos de suicídio, ora, mas que fim!

Com o sérvio aprendi que ao absurdo só se aceita, e vive enfim.

Rimos o sérvio e eu dum fortão sendo felizmente estourado

E pairava a risonha dúvida quanto à masculinidade frágil

Será a hombridade vendível mesmo sendo o másculo tão forçado?

Perguntei ao sérvio confuso, pois que o fortão apreciava o frágil tátil.

Apreciava, sim, aos gemidos e aos brados

E os risos do sérvio e meu seguiam sendo dados

Até dar-me conta de que sérvio algum ali estava

Que em vez de rir, em verdade, eu sozinho chorava.

O sérvio acompanha-me quando lhe convém

E ora em forma de um travesti asiático ele vem

Ora em forma alguma quando tomo as rédeas da cabeça

Porém vem sempre quer quando esta não me obedeça.

Acompanha-me sempre que persista meu defeito

Sempre que um mago azul, rosa ou branco não faça efeito

Sempre que os magos estejam vencidos e não sucedam no feitiço

E a voz de minha mãe, que não é sérvia, vem dizer-me ser coisa do Catiço.

Mas prefiro a Sérvia da minha cabeça à jaula entorpecente

Remonta-me aos gozos daquela vida pré-adolescente

Até quando não é Sérvia, mas um puteiro tailandês qualquer

Mas remonta-me à alegria de ter o sérvio, mesmo vindo só quando quer.

Vinícius Alvarenga
Enviado por Vinícius Alvarenga em 11/01/2019
Código do texto: T6548791
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