Último desejo

No dia d’minha morte o céu irradiava anil,

Como um oceano em opressão febril.

Mas, o que, esperava, eu, perceber,

Além do meu débil ego a esmaecer?

Do baluarte, em mim, cravejado,

Não me resta qualquer desvelo,

Ou fervor de brilho escarpado,

Que me conceda garbo ao retê-lo.

Ao regressar à essa visão, todavia,

Um lampejo me invade em nostalgia:

O contemplar d’minha amada em poesia.

Se na morte ainda posso lhe estimar...,

E se nem o destino pôde lhe solapar...,

Que meu eterno fim seja então, lhe desejar.

Rodrigo Leme de Oliveira
Enviado por Rodrigo Leme de Oliveira em 01/12/2018
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