Incêndio
Noites de verão
Que me alegravam e confortavam
Arrancadas de meus dedos
Deram lugar à manhãs de inverno
Que me apunhalam e maltratam
E a tristeza dosada
Faz - me chorar
Dentre o balbuciar
De tantos por ques
Meu caminho
Antes entalhado em pedras
É ditado por duas correntes
Do mais forte vento
O vento vermelho
Anseia por alastrar
A chama ainda viva
Por toda a densa floresta
E deixar o incêndio
Dançar sobre as folhas secas
O vento azul
Teme pela energia
Que move minha engrenagens
E pede pelo adormecer eterno da chama
Para não queimar minha pele
E endurecer meu coração
Passos tão leves
Que pendem para ambos
Os lados apresentados
Presos por um corpo
Estável em um chão
O encanto da árvore
Que começou a chama
Dissolvido em água
Sabor apagado
Entretanto
O morno abraço
Tira - me a ferrugem
Do sangue maculado