Incêndio

Noites de verão

Que me alegravam e confortavam

Arrancadas de meus dedos

Deram lugar à manhãs de inverno

Que me apunhalam e maltratam

E a tristeza dosada

Faz - me chorar

Dentre o balbuciar

De tantos por ques

Meu caminho

Antes entalhado em pedras

É ditado por duas correntes

Do mais forte vento

O vento vermelho

Anseia por alastrar

A chama ainda viva

Por toda a densa floresta

E deixar o incêndio

Dançar sobre as folhas secas

O vento azul

Teme pela energia

Que move minha engrenagens

E pede pelo adormecer eterno da chama

Para não queimar minha pele

E endurecer meu coração

Passos tão leves

Que pendem para ambos

Os lados apresentados

Presos por um corpo

Estável em um chão

O encanto da árvore

Que começou a chama

Dissolvido em água

Sabor apagado

Entretanto

O morno abraço

Tira - me a ferrugem

Do sangue maculado

Caio Lebal Peixoto (Poeta da Areia)
Enviado por Caio Lebal Peixoto (Poeta da Areia) em 21/11/2018
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