POEMA PARA O INSENSÍVEL
Digo-lhe o que sinto, mas você não sente,
O que indigna-me lhe é indiferente
E o que me fascina de tão fascinante
Não lhe traz reação, só ações como antes.
Nada toca-lhe o coração
Nem mesmo fenômenos da natureza,
Sua alma sempre avessa à beleza
Desconhece a exaltação.
É penosa tal convivência...
Quando sinto o peito que arde
Ouço você dizer é tarde
E está sem paciência !
É incapaz de notar se um sorriso
Carinhoso contém ou não interesse;
Vê nisso, sempre, interesses escusos,
Pois que no seu coração há pisos
De madeira sobre o porão, são difusos
Os processos, é como se não vivesse.
No que concerne a mim, o que me tolhe
É ter de recebê-lo, no dia -a- dia,
Como um igual, como um irmão;
Ignora que quem planta colhe,
Pauta-se numa pretensa mediania
Que é a falta de emoção.