Negro Fujão.
O chicote do feitor cortando o lombo
Marcas profundas da maldita escravidão,
O algoz do tronco chicoteia sem piedade
O corpo já dilacerado do negro fujão.
Sentado na cadeira de balanço
Contando os negros que comprou pra servidão,
Senhor do engenho aos berros não se importa
Com o corpo já dilacerado do negro fujão.
Atado ao pelourinho lamentando as dores
Seu sangue se derrama sobre o pó do chão,
Dos céus a providencia chega em forma de chuva
Lavando o corpo ensanguentado do negro fujão.
Mas não lhe tira a cor nem tão pouco a dor
Que vai se arrastando nessa maldição,
Vivendo agora nos troncos e nos pelourinhos
Ainda preso, humilhado, tenta entender a abolição.
Abolição de negros nus, e mãos vazias,
Com cotas, ultrajes, e descriminação,
Até hoje vistos como negros simplesmente,
E tão somente pela cor da pele, jogados na prisão.