Negro Fujão.

O chicote do feitor cortando o lombo

Marcas profundas da maldita escravidão,

O algoz do tronco chicoteia sem piedade

O corpo já dilacerado do negro fujão.

Sentado na cadeira de balanço

Contando os negros que comprou pra servidão,

Senhor do engenho aos berros não se importa

Com o corpo já dilacerado do negro fujão.

Atado ao pelourinho lamentando as dores

Seu sangue se derrama sobre o pó do chão,

Dos céus a providencia chega em forma de chuva

Lavando o corpo ensanguentado do negro fujão.

Mas não lhe tira a cor nem tão pouco a dor

Que vai se arrastando nessa maldição,

Vivendo agora nos troncos e nos pelourinhos

Ainda preso, humilhado, tenta entender a abolição.

Abolição de negros nus, e mãos vazias,

Com cotas, ultrajes, e descriminação,

Até hoje vistos como negros simplesmente,

E tão somente pela cor da pele, jogados na prisão.

Guel Brasil
Enviado por Guel Brasil em 07/10/2018
Código do texto: T6469848
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