Devir
Então me digas,
o que tens feito?
Por quais caminhos,
tens voado borboleta?
Quais músicas,
embalam tua insônia?
Quais carinhos,
te fazem esquecer-me?
Ainda sou o mesmo,
no mesmo lugar,
sem sorriso,
sem alma,
sem coração,
sem vida,
um fantasma,
um arauto triste,
sem rumo,
sem desejos,
perdido no silêncio,
maldizendo o devir,
aprisionado num abismo,
mesmo quando,
só o nada insiste,
mesmo quando,
só o desamor existe,
esmurrando espinhos,
sangrando meus punhos,
na dor da solidão,
no grito da angústia,
no açoite da insanidade,
me lanço da beira do precipício,
mas continuo sem apagar-me,
mas continuo a respirar,
porque? porque não me deixar ir?