Não para mim
AH! O amor!
tão inexplicável, tão encantador
por isso o deixo para os que têm tempo
minha agenda já está lotada de lamentos
Deixo-o pros espíritos jovens e libertos
minha alma já anda velha e amargurada
que ele fique com os que por ele querem ser cobertos
A troca de olhares cheia de emoção
o toque repleto de cuidado
aquele brilho que irradia do coração
é para os que tem um no peito
o meu está em algum lugar, bem guardado
As juras de amor são para os amantes esperançosos
as cartas de amor para os apaixonados tediosos
mas não para mim,
para mim ficam apenas os dias solitários
nos bares, nas ruas, nos livros
Troco seu “eu te amo” por algo que possa me embriagar
não quero carícias, prefiro algo para tragar
dê-me um maço
mas não ouse me amar
nem me ofereça seu abraço
tornei-me cético
não há milagre que me faça nisso acreditar
Eu lembro que o amor é caloroso como o verão
também me remete a flores, como a primavera
mas eu já ando inverno
e por dentro, as pétalas de amor
já conheceram o outono
e não voltaram a florescer