Guardiã de mim

Presa em pensamentos passados

Que me inquietam a cada lembrar

Que fazem doer meu ser, minha alma

Que me faz em mim me enclausurar

E fecho-me para quaisquer novos sentimentos

Guardo-me em mim mesma, é verdade

Diante de tanto desejo de liberdade

Protegendo-me em uma redoma de lamentos

Uma fortaleza em que guardo meus pensamentos

Em que guardo meus desejos discretamente

Com medo de que me machuquem novamente

Protejo-me do amor, rejeito-o por momentos

Sou guardiã de mim mesma, meu dever

E estou sempre em vigília, alerta

Para defender-me do ataque, desperta

Que pode partir do meu próprio ser

Assim, ao menor sinal de fraqueza

Ao menor sinal de vida e de querer

À menor vontade de um sentimento viver

Ataco-me com ferocidade e destreza

Agarro-me com toda vontade

Sufoco o sentimento que quer nascer

Aborto-o de meu corpo e o tranco

No mais profundo do meu ser.