Dai amor
Faz-me rir vida!
Oh, não me faça por mais chorar!
Crucificar os desejos,
É prender-se e não amar.
Sentir os sentidos e tatear as ilusões,
São ruínas comuns a muitos corações.
Fazei-me compreender, mesmo que não veja,
Ou então,
Cegai os olhos de minha mente,
Para que assim, apenas contemple
A imagem translúcida e perfeita do amor.
Para quê nele pôr mais dor,
Se por mais dor que se tenha,
É sempre querido o amor?
Oh vida! É isto sim. De fato que é.
Então, fazei com que mais eu ria,
Pois por mais dor que eu tenha,
Não tenho amor nestes meus dias.
Caem as folhas, as folhas secas
Ou arrancadas ainda verdes, caem;
E consumo em queda livre a vida,
Sem cor, a secar-me mais.
Aqui o choro que não se faz riso
E o riso que nem é riso ainda,
Fundem-se nos lábios trêmulos,
E aguardam um sinal de vida.
Oh vida! Dê-me mais vida para ser vivida,
E as vidas presas, algo a ser prezado!
Dai amor para ser sentido,
Ou sentimentos para sermos amados!
Dai amor para termos e senti-lo,
Ou sentidos, para termos cuidado;
Dai amor para fazer-nos sentir
Ou vivos, ou só um pouco amados!