Limpando o Sótão!
Já corroemos inúmeras palavras na insensatez!
O pouco que nos ficou, não chega para voltar,
nem para assassinar o frio destas quatro paredes.
Extenuação total de tudo menos do silêncio.
Onde estás? Estou cego do sal das lágrimas!
Meto a mão na consciência e não encontro nada.
Onde tínhamos tudo para dar um ao outro, hoje,
apenas existe uma empobrecida incoerência!
Quantas vezes tu dizias que me amavas?
Hoje são apenas os meus olhos que imagino cegos
para que a verdade não me obrigue a olhar para trás.
Hoje! Não temos já nada para dar um ao outro.
Dentro de mim já não existe sede nem fome,
o que torna o passado inútil como um trapo sujo
numa poesia onde as palavras estão gastas.