Horizontes imaginados
Quantas verdades cabem em uma carta?
Quantas mensurações sinceras revelamos?
Quantos graus de honestidade permanecem na sobriedade?
Há na poesia de amor alguma sensatez?
Talvez devêssemos telegrafá-la,
contar palavras ao contar os infortúnios,
dispor de tempo para pensar em cristais partidos,
quando tudo o que sentimos é a dor da perda,
a ausência que nos corta a alma,
o sorriso estrangulado lá no fundo,
esvaindo-se em horizontes imaginados,
quando corações partidos gritam solidão,
sentindo uma saudade incomensurável,
colando retratos rasgados,
remontando quebra-cabeças esquecidos,
sangrando à cada memória,
sussurrando ao vento desejos vãos,
para tentar dar sentido ao copo de vinho para um,
ao quarto vazio na escuridão de mais um sábado,
numa fria madrugada de incertezas,
dedilhando um violão choroso,
uma melodia triste sob luz de velas,
romantismo oculto em sombras,
esperando talvez uma palavra, um carta, uma poesia, uma verdade...