Desamor
Inerte de acasos indesejados, assisto enquanto você voa por entre meus dedos como um pássaro desordenado que foge de seu ninho. Há quanto tempo eu te espero? Não o faço.
Você apareceu como um oásis, trazendo o cheiro de orvalho e a aptidão que não me era perceptiva e incorporou minha alma como quem veste uma roupa já calejada.
E calejado estou.
Dos toques.
Dos olhares.
Desse sorriso que me afronta.
Do intrínseco que há em ti.
É tão gritante o quanto te sinto, que não quero mais sentir.
É tão prescindível...
E ainda o quero.
Embora, não queira querer-te.
Você quer voar.
Voe.
Por favor, voe.
Agora serei um cubículo preso às minhas próprias correntes; Com minha alma arrasada por indícios seus. Não se penitencie. Apenas liberte-me dessa inércia que custa tê-lo aqui. Você não me é necessário e eu tampouco serei à ti.
Está a reconhecer isto?
E eu?
Espero que abra suas asas e voe... Para longe do meu fascínio e do mais importante, meu âmago.