Rosa
Eu costumava ficar horas sentada
observando-a desabrochar
Há tempos que não é bem cuidada
Amargura-se enquanto espera o dia clarear.
Seu brilho fora ofuscado
e seu encanto se perdeu
após ter seu pedúnculo arrancado
por aquele que nunca a mereceu.
Os espinhos não deixam tocá-la
É agora seu modo de defesa
Contra quem ousa machucá-la
Apenas resiste para disfarçar sua profunda tristeza.
A chuva que irriga suas raízes
Permite um brando respirar
Fazendo-a lembrar dos dias felizes
Suas lágrimas se camuflam ao gotejar
Ela prometeu jamais florescer
Tampouco alegrar aquele homogêneo jardim
A natureza lamenta seu padecer
Ao proclamar seu eminente fim.