O CASAL DA OUTRA MESA

O casal da outra mesa...

Sem surpresas ou tristezas,

Se amava numa monotonia,

Que apesar de bonita, me instigava.

Eu sempre aqui no maior brilho,

Tentando arrancar dela um só sorriso.

Mas do outro lado nao avistava nenhum sentido e não compreendendo tudo aquilo,

Me estranhava.

O jantar, um dos seus prediletos ,

Seus presentes, sempre mais complexos,

Não a satisfazia, transformando em agonia,

Aquele insano amor.

Eles com seus pratos mais completos,

Se fartavam com destreza em seus talheres.

Nós, com desejos bem mais modestos,

Não havíamos sequer decidido se usaríamos garfos ou colheres.

Mas num instante vi coisas absurdas,

Palavreados, frases acúmulas,

Acumuladas, sofridas, fizeram derramar no pano cinza,

E escoar todo o sentimento que existia.

Dali em diante permaneci alguns segundos pensante,

E estarrecido com todo o acontecimento que ali ocorria,

Percebi que o que pesa na balança não é certas euforias substanciais,

Mas sim simplicidade e harmonia.