Adriana ou sobre o amor
[Não há nada a esperar
Dessa longa espera divina
Que me era tão querida
(ai como eu queria...)
Tão desconhecida, tão dolorida
Agora eu sei, minha menina...
...o que significa o amor]
Já passei as madrugadas
acordada, apaixonada
Já te queixei, te fofoquei
Pros meus amigos e conhecidos
Já desliguei o telefone
Querendo que você, mesmo errada
Voltasse a me ligar
Já te entreguei meu corpo e alma
E já me deixei entregar...
É, eu sei
Tudo era bom, era promessas
E meus beijos atiçavam os beijos dela
E juntas íamos vivendo o amor
Tão desejado
Tão completamente desesperado
Como num suspiro enfeitiçado
Que diz "finalmente, é minha vez..."
Eu era feliz, minha flor...
E de repente sem aviso
Suas gargalhadas se tornaram riso
E o seu riso virou sorriso
Até se transformar em dor
E eu fiquei aqui na nossa casa
Crescendo vazios do quarto à sala
Sem te dar bom dia ou boa noite
Nem te convidar para jantar...
Num silêncio de mortalha
A sua boca já não me gritava
palavras de carinho ou de amargor
E meus olhos ficaram rasos
Lendo livros e fazendo vários nada
Atrás da tela do computador...
E, de fininho, era só isso
Nenhuma palavra
Nem um beijo, sonho, dor ou suspiro
A alegria foi sumindo sem maldade
Até restar somente o que se diz
Felicidade...
O amor é obscuro
Chega ao coração sem estar maduro
E quando se morde
Já não é mais amor