Adriana ou sobre o amor

[Não há nada a esperar

Dessa longa espera divina

Que me era tão querida

(ai como eu queria...)

Tão desconhecida, tão dolorida

Agora eu sei, minha menina...

...o que significa o amor]

Já passei as madrugadas

acordada, apaixonada

Já te queixei, te fofoquei

Pros meus amigos e conhecidos

Já desliguei o telefone

Querendo que você, mesmo errada

Voltasse a me ligar

Já te entreguei meu corpo e alma

E já me deixei entregar...

É, eu sei

Tudo era bom, era promessas

E meus beijos atiçavam os beijos dela

E juntas íamos vivendo o amor

Tão desejado

Tão completamente desesperado

Como num suspiro enfeitiçado

Que diz "finalmente, é minha vez..."

Eu era feliz, minha flor...

E de repente sem aviso

Suas gargalhadas se tornaram riso

E o seu riso virou sorriso

Até se transformar em dor

E eu fiquei aqui na nossa casa

Crescendo vazios do quarto à sala

Sem te dar bom dia ou boa noite

Nem te convidar para jantar...

Num silêncio de mortalha

A sua boca já não me gritava

palavras de carinho ou de amargor

E meus olhos ficaram rasos

Lendo livros e fazendo vários nada

Atrás da tela do computador...

E, de fininho, era só isso

Nenhuma palavra

Nem um beijo, sonho, dor ou suspiro

A alegria foi sumindo sem maldade

Até restar somente o que se diz

Felicidade...

O amor é obscuro

Chega ao coração sem estar maduro

E quando se morde

Já não é mais amor

David Ceccon
Enviado por David Ceccon em 24/08/2017
Reeditado em 21/05/2022
Código do texto: T6094130
Classificação de conteúdo: seguro