Desencantos
Diz-me palavras,
sons trocados,
moedas sem valor,
barulhos repetidos,
vocativos sem rima,
tamborilando num violão,
melodias desconexas,
uma música sem paixão,
de um amor sem coração,
o que esperas desse que vos fala,
queres promessas de meias luas?
queres juramentos à meia noite,
quando ainda o eclipse não libera a noite?
Diz-me que me amas,
mas foges por ruas enviesadas,
fechando as portas ao redor,
tortas tristezas sem açúcar,
fintas ensaiadas de cor,
partes meus sentimentos em mil pedaços,
trazendo contigo trovas solitárias,
mais do que versos soltos ao vento,
arrefecesse-me a alma já armada,
evocando um selvagem lamento,
querendo talvez que eu seja um pierrô,
ou quem sabe, um marionete de cordões desfeitos,
tentando encontrar o caminho de casa para si mesmo...