Embriagas-me
Já não tenho mais coração
O fel a tudo invadiu...
Estou preso às voluptuosidades
Do amor penetrante que ligou
Seus ganchos nos mais tenros
Locais de minha alma, e cedi
Com incrível flexibilidade
A todos os seus desejos.
Tenho sede dos teus prazeres,
Amo vida fácil, faustosa
E magnífica que emcontro
Somente em teus braços
E onde embriago-me de felicidade.
Neófito, exijo a selvagem energia
Dolorosa que eflui de teus olhos.
Meu bolo rosto já desbotado anuncia
Que esperanças malogradas
Tem me cansado e deixado
Nas minhas entranhas sulcos onde os
Grãos semeados jamais germinam.
Devia tê-lo estudado antes de
Deixá-lo ver como se manifestam
Minhas emoções e meus pensamentos.
Lançamo-nos na tática do sentimento,
Falamos em vez de agirmos,
E travamos batalha em vez de fazer cerco.
Arruinamos-nos com frequência,
Desgastando nossos desejos no vazio.
Entramos em campanha com estandartes
Desfraldados, orgulhosos, com ardor
Para tudo derrocar, e terminamos
Por voltar à casa, sem vitória, envergonhados,
desarmados, tolos por nosso vão barulho.
Estou às voltas com um daqueles sofrimentos
Infernais que somente podem ser perfeitamente
Compreendidos por eminentes artistas.
Compreendes então o quanto embriagas
Minha doce sobriedade, o quanto matas
Minha pobre vida?!
Descansa em cântaros de vinho meu
Divino amado, embriagas-me, embriagas-me!