Poema sem ambição.

Creio não ser bom sonhador

Apesar de ter sonhado algumas vezes

Isso me fez apenas parecido

Com outros que sonharam

E tantos que ainda sonham

Mas a semelhança com eles

não passa disso

Sonhei sem sonhar concreto

Incluindo em meus sonhos

A quem estivesse na lista

dos pronomes pessoais do caso reto

Sonhei dividir conquistas

Enquanto outros sonhavam sozinhos

Sonharam melhor e sonharam perfeito

Meus sonhos foram à esmo

Qualquer coisa além disso

São falácias e aforismos

Por outro lado

Apesar de não saber sonhar

de uma coisa eu sei

Sei que nunca fui bom em nada

Pois vivo num Mundo

Em que todo mundo é bom em algo

Enquanto alguns são bons em tudo

Eu consigo ser razoável

Em ser ruim

Por mim eu creio que basta

Perante tão vastas grandezas e talentos...

Me contento com a pouca beleza

E talvez curtos momentos de alegria

Que minh'alma singela

Porventura possa dividir

Botando cores nos dias

E pedindo a quem me ouça

Que coloque uma flor na janela

Abra sua bolsa

e dedique algumas moedas

À alguma fome que encontrar na rua

E que sonhem um pouco menos

Pra si mesmos

Pratiquem desprendimento

dividindo com a vida

Nem que seja

Um simples sorriso

Que alguém certamente precisa

Nunca fui bom sonhador

Acredito que nem sonho é

Tento não manchar ainda mais o mundo

Tão repleto de egoísmo

E é este o meu compromisso

Mas não sou muito bom com palavras

Portanto, eu não sei

Que nome se dá a isso.

Edson Ricardo Paiva