Os Cancros Fatais
As noivas nos bordeis e os assassinos nas celas,
Os parias nas gales e os famintos nas cidades,
Toda turba perdida a que o destino atrela
O crime do horror, outra volúpia da humanidade.
São nossos iguais,ufanos do comum vicio,
Que assumiram nossa hediondez viceral,
Cuja coragem maior afaga o pranto e o suplicio
Aos quais nos esgueiramos com sorriso fatal.
Quem furta o seio sôfrego a sordidez suprema?
A ventura ideal, que a dor ao léu nos abandona
À constante sedução do cancro impulsiona
E do bem remoto não pode haver remorso ou pena.
Ainda que o sonho afague as tardes transparentes
Banhadas de águas castas ,pelas serenas praias,
A nós raro se dá a multidão de graças excelentes
E o tempo nos afeiçoa ao pútrido erguer de saias.
Num gesto fortuito, já sem pudor ou sem enlevo,
A esses heroicos vilões nossa fauna aproximamos:
Oh ato desregado!Quase não tens mais segredo!
E os tolos professam que ainda nos importamos.