Mala e poemas
Eu fui embora.
Arrumei a minha mala.
Mudei de cidade e dessa história.
Juntei a minha bagunça: as roupas jogadas no chão, os livros na estante,
O porta retrato na escrivaninha.
Coloquei tudo na mala sem muita organização.
Esvaziei todas as gavetas da cômoda e da minha vida.
Peguei o meu caderno, meu companheiro de insônias e madrugadas.
Deixei para trás todos aqueles romances mal resolvidos.
Uns se tornaram saudade, outros já nem me lembro mais.
O nosso amor ainda dói aqui no meu coração.
Por isso, peguei meu velho caderno e uma taça de vinho,
Sentei-me na varanda, numa paisagem desconhecida,
Após andar sem rumo por aí,
Para escrever os mais lindos poemas do nosso amor.
Doei tudo o que podia ou não me servia mais
E joguei fora todos os sentimentos ruins.
Livrei-me das mágoas e ilusões.
Deixei o meu coração leve.
Aprendi a ser livre.
Permite-me ser feliz, mesmo como o coração machucado.
Sem remorsos ou raiva,
Continuei a caminhada, levando a minha mala,
Rumo a um recomeço.