Tempo

Vomitando poesia esvaio mágoa e rancor

lacerando as palavras que reconstroem meu íntimo pouco atingível

caio na hemorragia débil do tempo estragado sem furor

e torno-o fortaleza de rocha destinada enquanto torno à goela o vinho

minha cabeça segue atordoada em síncope de pensamento e alegria de dor

meus olhos tem outros olhos, teus olhos

olhos desgraçados que desgraçaram meus olhos descrentes e cerne

me cegaram e esquartejaram

desatinaram meus sinais e sintomas

virei bituca de cigarro no asfalto da via expressa

amassado por quem passa e nem sabe que amassa

dor silenciosa e insensata

tempo que vem e vai vira e viraliza

que traz ardência arrebentada da esperança do fim

inicio

depois

naufrágio de dor navio emborcado em flor de loa

tempo que passa rápido nos paralisados e transeuntes dias

que jorram sangue de tempo morto e ilusões

tempo.

Lucas Guerra
Enviado por Lucas Guerra em 12/03/2017
Código do texto: T5939097
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